A Realidade dos jovens apostadores: endividamento e vulnerabilidade
Nos últimos anos, o fenômeno das apostas esportivas online, conhecidas como “bets”, tem crescido exponencialmente no Brasil. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva revela que quase metade dos apostadores (46%) é composta por jovens entre 19 e 29 anos. Dentre esses, 34% pertencem às classes CDE, enquanto 25% estão nas classes AB. Essa informação e estatística destaca a predominância desses jovens no mercado de apostas, que tem crescido rapidamente no Brasil.
Endividamento e uso de cartões de crédito em apostas
O levantamento, publicado na coluna Painel S.A. da Folha de S.Paulo, também aponta que um terço dos apostadores está endividado e possui o nome sujo. Apesar dessa situação financeira delicada, 37% dos entrevistados afirmam ter três cartões de crédito, que se tornaram o principal método de pagamento para as apostas online. Isso levanta questões sobre a saúde financeira dos apostadores e os riscos associados ao vício em jogos.
Uma das decisões que foram tomadas em 2024, é a proibição do uso de cartão de crédito para depósito em casas de apostas, funcionando apenas o Pix e a Transferência Bancária. Dessa forma, foi possível diminuir o risco de endividamento da população.
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Causas do endividamento entre os jovens
Algumas causas para esse endividamento se devem a fatores como:
- Falta de educação financeira: Muitos jovens não têm acesso a informações sobre como gerenciar suas finanças pessoais. A ausência de educação financeira nas escolas contribui para que eles não compreendam os riscos associados às apostas e ao uso do crédito.
- Atração do crédito fácil: O fácil acesso ao crédito e às plataformas de apostas online seduz os jovens, que muitas vezes não avaliam as consequências de suas decisões financeiras. O marketing agressivo das casas de apostas também desempenha um papel significativo na atração desse público.
- Desemprego e baixa renda: A instabilidade econômica e a dificuldade de encontrar empregos de qualidade fazem com que muitos jovens vejam nas apostas uma forma de tentar melhorar sua situação financeira, levando a um ciclo de endividamento.
Consequências do endividamento entre os jovens
O endividamento dos jovens apostadores pode ser atribuído a fatores como:
- Saúde mental: O estresse financeiro pode resultar em problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. A pressão para recuperar perdas financeiras pode levar a comportamentos de risco e até mesmo a casos extremos, como suicídios.
- Ciclo de pobreza: O endividamento impede que os jovens construam um futuro estável. A dificuldade em pagar dívidas pode causar a existência ou o aumento da pobreza, limitando o acesso à diversas oportunidades na vida dos jovens.
- Impacto social: O endividamento em massa entre os jovens pode ter repercussões sociais mais amplas, incluindo aumento da criminalidade, suicídios e desintegração familiar, à medida que as famílias lutam para lidar com as consequências financeiras das apostas.
Eduardo Moreira, economista e fundador do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), expressou sua preocupação em relação ao impacto social das apostas. Em uma das entrevistas feitas por ele, o economista afirmou que “a população brasileira está sendo destruída por esse fenômeno” e que “a maior epidemia deste país se chama bets”. Moreira destacou que o ICL irá se empenhar no combate às apostas, citando números alarmantes relacionados a suicídios e famílias afetadas pelo vício, além de mencionar que existem crianças viciadas.
Desigualdade nas reuniões governamentais
Uma reportagem da Folha de S.Paulo revelou que servidores do Ministério da Fazenda se reuniram 251 vezes com representantes do setor de apostas, enquanto apenas cinco reuniões foram realizadas com profissionais da saúde. Essa disparidade levanta preocupações sobre a prioridade dada ao setor de apostas em comparação com questões de saúde pública. A análise incluiu 555 compromissos entre os ministérios da Fazenda e da Saúde entre março de 2023 e julho de 2024.
Críticas à regulação e falta de investimento em saúde
Embora as novas regras tenham sido bem recebidas pelo setor de apostas, elas foram criticadas por não abordarem o investimento necessário em saúde para tratar jogadores com problemas. A Secretaria de Saúde Mental organizou uma reunião com uma operadora de apostas, mas a falta de diálogo com profissionais de saúde sobre a regulamentação gerou críticas. Os ministérios da Saúde e da Fazenda informaram que um grupo de trabalho começará a atuar em 2025, com apoio das plataformas de apostas regularizadas.
Conclusão
Esse cenário no Brasil é complexo e envolve questões de juventude, endividamento, regulamentação e saúde pública. A crescente popularidade das apostas entre os jovens, aliada ao endividamento e à falta de suporte para tratamento de vícios, demanda uma atenção urgente das autoridades e da sociedade. Um ponto que deve ser monitorado, é a respeito da conscientização das plataformas através do Jogo Responsável. Além disso, a regulamentação, embora necessária, deve ser acompanhada de políticas que garantam a proteção dos apostadores e a promoção da saúde mental.